domingo, 27 de dezembro de 2009

Viagem Soberana


Embarque no dia 21.12.09.
Crianças ansiosas.
Entramos no Navio Soberano às 13h após algumas filas no Porto do Rio. Já estávamos com fome e, após deixarmos nossos pertences na cabine, fomos almoçar.


Comecei pegando leve (cruzeiros all inclusive são uma orgia gastronômica), fiquei no peixinho com legumes grelhados, estavam deliciosos.


Pedro mal conseguia comer de tanta ansiedade por conhecer todas as partes do navio, que são muitas.



Barriguinhas cheias e fomos arrumar as malas que acabaram de chegar às nossas portas: meninas para um lado, meninos para outro. Coincidência ou estratégia para que a minha "metodicice" não interferice?


Enfim... o dia se foi enquanto conversávamos com amigos na piscina. Aliás, ótimos companheiros de viagem, Cláudio e Vivian e seus pequenos Dudu e Be.


À noite show no teatro do navio, um tributo à Elis Regina, e olha que nem curto muito, mas com a qualidade e critividade da banda, cantores e bailarinos eu curti! Dançar num palco que balança não deve ser das tarefas mais fáceis não...

Jantamos.

Comida e champanhe perfeitos.

Nós e nossos amigos biritamos até umas duas da manhã e fomos dormir.

Dia 2.
Piscinas, mojitos, snaks e sol. Festa tropical à noite.


Dia 3.
Ilhéus.


Dia 4.
Não lembro.


Dia 5.
Não lembro.


Dia 6... não consigo me lembrar de mais nada, pode ser que eu consiga recuperar algo da minha memória.


Coisas para eu me lembrar de falar depois: Michely, Pirulitinho, "Vc tem medo de...", Dinossauros, Gym com suco de manga...

Chegamos hoje... pareço um mar de ressaca.

sábado, 19 de dezembro de 2009

Um sábado qualquer

Convido todos a conhecerem o blog de quadrinhos "Um Sábado Qualquer".
O autor Carlos Ruas tem humor inteligente e lida como ninguém com um assunto tão delicado que é Deus.
Ele conseguiu o que poucos conseguem: agradar a gregos e troianos!



314

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Falta de Educação



A falta de educação domina o nosso meio social, infelizmente.

Hoje estive numa loja de departamentos e presenciei uma atitude um tanto quanto mal educada, pra não dizer estúpida, de uma senhora com o gentil atendente de caixa. Quase interferi, mas não seria educado de minha parte, uma vez que colegas de trabalho tomaram a iniciativa.

É falta de educação pra todo lado: à mesa, nas calçadas, nos condomínios, nos ônibus, no trânsito. Este último então é recordista! Os motoristas cariocas estão muito mal educados! Ultrapassam sinais vermelhos, cortam pela direita sem cerimônia, jogam LIXO pela janela (isso é gravíssimo), sem contar os impropérios ditos em alto e bom tom pelas janelas.


Aliado à má educação onipresente estão a impaciência e a intolerância. Por vezes as pessoas sabem como agir e até mesmo tentam ser gentis, mas são tomados por sentimentos que os fazem passar por cima até mesmo dos bons modos e respeito ao próximo.
Paciência é prática.

Educação não custa nada, pelo menos no sentido ao qual me refiro. Antipatia passa, mas falta de educação não.

Como dizia o Profeta...





quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

"Dr." Adauto Lourenço



Me foi apresentado um dia desses o livro "Como Tudo Começou", do autor Adauto Lourenço.
Infelizmente é mais um criacionista que se diz cientista e que tenta divulgar suas ideias (absurdas) no meio acadêmico, além de convencer facilmente pessoas leigas em ciência através do seu "belo" currículo (ele precisa mostrar credibilidade) e da forma perfeitinha que escreve.

Esses dois links abaixo mostram quem de fato é este autor e a opinião de cientistas de verdade sobre o assunto:



Será que se eu quiser ensinar evolução numa escola dominical o pastor permite?

Abraço a todos.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Jabor - O Homem-bomba matou o "eu"

Mais um texto ótimo do adorável Arnaldo Jabor


O homem-bomba matou o "eu"

O GLOBO - 01/12/09

"Ultimamente, dei para falar sozinho. Não falo baixinho não, falo sozinho mesmo, principalmente à noite, deitado na cama e tentando entender o que se passa comigo. Falo alto e chego a ficar com medo. Medo de quê? Medo de entender quem fala com quem, quando falo sozinho. Eu falo e ouço ao mesmo tempo. Mas, quem ouve o que eu falo? Por exemplo, se eu disser no escuro do meu quarto: ‘Onde eu errei naquele amor?’ Tenho medo de que alguém me responda na sala ao lado, de dentro do banheiro vazio, onde pinga o chuveiro e a privada gorgoleja. Uma coisa que me intriga é a forma de falar sozinho; devo falar com todos os ‘ss’ e ‘rs’, ou posso falar desleixadamente, pois afinal de contas eu sei o que estou falando?

Aliás, nem preciso falar alto. Basta pensar entre resmungos, gemidos e risos abafados; mas, aí me assalta outro medo: há dentro de mim uma terceira pessoa ouvindo o diálogo de mim comigo mesmo? Mas não resisto aos clamores da norma culta e tento falar com alguma qualidade literária para mim mesmo. Assim, aumenta minha angústia. Uma pessoa fala - que sou eu -, outra pessoa ouve - que sou eu -, e uma terceira pessoa julga a qualidade do meu discurso, que também sou eu. Estarei maluco? Escrever também. Para quem eu escrevo isto aliás? Escrevo para mim mesmo, mas leio como se fosse outro, um crítico, um ‘Antônio Cândido’ dentro de mim. Quem é o outro que me lê dentro de mim? Estou cercado por vários personagens que me rondam, andam pelo quarto, vão até a sala, abrem a geladeira, comem meu pudim e voltam, sempre ouvindo e julgando.

Quero ficar sozinho e não consigo. Vou ao espelho e me olho. Madrugada. Não estou sozinho porque me vejo me vendo no espelho. ‘Je... est un autre’. Não há ‘eu’. Quem disse isso? Foi Rimbaud ou Artaud? Acho que os dois. Estou possuído por outros ‘eus’ que não são ‘eu’..."
(Este texto seria o início de uma novela que pensei em escrever. Não o fiz, mas serve para abrir este artigo de hoje - "papo-cabeça meia-boca", desculpem...).

Afinal de contas, quem sou eu? Fico falando na TV, escrevendo nos jornais, tentando ser um sujeito útil, mas, no duro, quem fala debaixo dessas duas letrinhas: "Eu"?

Oscilamos entre o desejo de ser "especiais", únicos e brilhantes sujeitos, para sair do anonimato (supremo pavor) e ser algum "eu", ou então temos o desejo da solidão absoluta, ser "nada", apenas um bicho sem memória ou desejo, uma formiga conduzida por um comandante qualquer.

Talvez nesse "bicho sem eu" haja um "eu" mais geral, feliz, sem fraturas, um eu submisso, nosso desejo oculto, como escreveu Dostoievski, ou um sujeito mítico, como nos revelou Levi-Strauss sobre a mente selvagem. A tradução da palavra Islã é submissão; o eu selvagem é "fora do tempo" ("timeless").

Para nós, ocidentais de base judaico-cristã, é difícil porque inventaram o tal "livre arbítrio" (confronte "O Grande Inquisidor", de Dostoievski). Entre o indivíduo e a massa, entre o ser e o nada, respira a liberdade, como um bicho sem dono, a liberdade, esta coisa que nos provoca tanta angústia. Que liberdade? Para ser contra a guerra? Ou para ser a favor da guerra? Tanto faz, pois a guerra já está decidida pela marcha das coisas.

O "eu" está sem orgulho, sentindo-se inútil. O "eu" virou um luxo para poucos.

Há o desânimo de pensar, de escrever sobre algo morto e inevitável e que já foi decidido. Sem esperança, não há filosofia. Temos de nos conformar que não há mais solução para o terrorismo, para a boçalidade, para o mal, para a miséria, para o meio ambiente.

Só resta ao "eu" acumular riquezas, charmes ou ilusões. Seria o "eu-burguês", o "eu-Miami", o "eu narciso", o "eu" que mostra a bunda, o "eu" de silicone ou o "eu-Big Brother". O homem-bomba matou o "eu".

Todo o pensamento humanista está tristinho, queixoso de tanto absurdo, tanto na guerra internacional como na vida urbana. De que adiantam o lamento, o escândalo? Como falar em compaixão a propósito de um menino de 13 anos que decepa a cabeça de um colega com um machado? Como falar em democracia com muçulmanos analfabetos, que, desde o século VII, batem a cabeça nas pedras para extirpar qualquer resquício de liberdade, enquanto aqui na América Latina a democracia é usada para fundar novas ditaduras?

O século XXI começa como uma Idade Média, comandado pela indústria das armas e da poluição incontrolável. Não dá para entender os acontecimentos à luz de um antigo humanismo, de uma tradição racional que nos prometia um futuro de harmonia. Só nos restará um "catastrofismo esclarecido", como nomeou Jean Pierre Dupuy, filósofo da Escola Politécnica de Paris e da Universidade de Stanford.

Na coletânea organizada por Adauto Novaes, sobre a "Experiência do Pensamento", ele escreveu o seguinte:

"Sempre o mal esteve relacionado com as intenções de quem o comete. Os horrores do século XX deviam ter-nos ensinado que isso é uma ilusão. O absurdo é que um mal imenso possa ser causado por uma completa ausência de malignidade, que uma responsabilidade monstruosa possa caminhar junto com uma total ausência de más intenções. (...) a catástrofe ecológica maior com que nos deparamos e que põe em perigo toda a humanidade será menos o resultado de um mal dos homens ou mesmo de sua estupidez. Terá sido mais por uma ausência de pensamento (‘thougthlessness’)(...) Hoje, um sem número de decisões de toda ordem, caracterizadas mais pela miopia do que pela malícia ou pelo egoísmo, compõe um todo que paira sobre elas, segundo um mecanismo de autoexteriorização ou de autotranscendência. O mal não é nem moral nem natural. É um ‘mal’ do terceiro tipo, que chamarei de ‘mal sistêmico’".

Diante da espantosa evolução da tecnociência, o "eu" virou uma bactéria tolerada, a ser clonada e dirigida.

Em suas aulas e seminários, Jacques Lacan sempre perguntava aos que lhe inquiriam ou criticavam: "D´ou parlez-vous, monsieur?" ("De onde" o senhor está falando?)

É o meu caso.

Afinal de contas, de onde escrevo isso? Para quê?